Uma vez estava na academia às 6h da manhã e, como de costume, deixei casaco e celular dentro do armário.
Quando terminei meu treino, por volta das 7h, fui pegar minhas coisas e vi meu celular com diversas mensagens e ligações do meu chefe naquela época.
Assustei, porque era muito cedo.
Logo de cara liguei para entender o que estava se passando, afinal, de tantas mensagens assim tão cedo, algo urgente devia estar acontecendo.
Realmente o que ele queria falar comigo era algo importante que tinha acontecido em um dos nossos projetos com um de nossos principais clientes, porém era algo que podia ter esperado até às 9h, 3h depois apenas daquela chuva de mensagens e ligações não atendidas.
Só que depois daquele dia, passei a malhar com o celular no bolso para não perder nenhuma mensagem ou ligação.
Conto essa passagem da minha vida profissional, que aconteceu há 5 anos, para refletir sobre os limites que precisamos estabelecer frente à ultraconectividade do mundo atual.
Quando mais ferramentas temos disponíveis, mais risco temos de ligar o modo Always On na nossa vida.
A menos que tenhamos clareza sobre os nossos limites e que também possamos fazer bons acordos com nossas lideranças e clientes.
A partir daquele dia, me tornei um escravo do celular. A cada 2 minutos pelo menos eu dava uma checada pra ver se não tinha na da urgente.
De fato, o sentido de urgente, pra mim, àquela altura, já tinha perdido o conceito original de algo extremamente importante que precisa de uma solução imediata.
Fico pensando o quanto meus dias, a partir daquele, foram improdutivos porque minha mente estava sempre duplamente conectada àquilo que estava fazendo juntamente com a preocupação com o celular.
Quantas vezes não desconectamos mesmo depois do horário de trabalho, quase como médicos de plantão, esperando que nossos pacientes liguem para que a gente corra para o hospital para os socorrermos.
A partir dessa reflexão, gostaria de colocar alguns pontos para pensarmos e aplicarmos no nosso dia a dia para estabelecermos melhor esses limites de trabalho e fugirmos da conexão 24 horas 7 dias por semana.
1- Defina com sua liderança e time que trabalha os conceitos de urgente e importante. Isso vai trazer clareza para quando devemos realmente nos falar quando algo acontecer.
2- Estabeleça os canais de urgência. Isso é legal ter combinado com sua liderança e time. Assim, quando algo urgente acontecer, você sabe que determinado canal irá disparar. Eu gosto de estabelecer que quando algo urgente acontecer (seguindo o combinado 1 de definição de urgência), é para me ligarem. Assim, quando o telefone tocar, é porque algo urgente aconteceu.
3- Todo dia vai ter trabalho e coisas importantes para resolvermos. Isso significa que, por mais dolorido que seja largar o trabalho sem a conclusão, sim, muitos trabalhos não serão e nem precisam ser concluídos hoje ok? Desapegue.
Não são lições definitivas, mas são guias para lidar melhor com a ultraconectividade e com essa possibilidade que nos foi criada de estarmos sempre disponíveis.
Dar uma “sumida” de vez em quando é viável também.
Que tal 1h de concentração total no meio do dia, desligando todos os aparelhos e focando em algum projeto específico no trabalho.
O melhor é que você pode combinar essa “sumida” também.
Marque 1h da sua semana e avise liderança e time que estará focado e focada por 1h em um determinado projeto e que se for algo urgente, é para lidarem pra você.
Que tal?